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Quando o jornalismo incomoda: a perseguição judicial contra Analio Júnior. |
Em um país onde a liberdade de imprensa é garantida pela Constituição, é inaceitável que o exercício do jornalismo se torne alvo de perseguição judicial. É o que parece estar acontecendo em Caxias, onde o jornalista Analio Júnior enfrenta uma condenação por divulgar, em seu blog, uma pesquisa eleitoral oriunda da comunicação de campanha de um candidato.
A ação, movida pelo diretório do Progressistas, partido ligado à família Gentil, resultou em uma condenação com cobrança de valores que ultrapassam os R$ 50 mil. A sentença, já em fase de execução pela Advocacia-Geral da União, ameaça não apenas as finanças pessoais do jornalista, mas o princípio básico da liberdade de expressão.
O ponto central da controvérsia é a divulgação de uma pesquisa sem registro no TSE. No entanto, é preciso fazer uma distinção clara entre quem realiza a pesquisa e quem apenas repercute uma informação de interesse público. O jornalista não produziu a pesquisa, tampouco a encomendou. Apenas a publicou, no legítimo exercício de sua profissão.
O que está em curso não é apenas um processo jurídico. É uma tentativa de silenciar uma voz crítica, de impor medo a quem ousa contrariar interesses estabelecidos. Não é o primeiro processo que Analio Júnior enfrenta, até o ex-prefeito Fábio Gentil já o processou, mas, segundo ele, essa nova ação é o mais agressivo, com bloqueio de contas e ameaça de penhora de bens. Um preço alto demais para quem apenas noticiou.
É preciso dizer com todas as letras: isso não é justiça. Isso é perseguição. Não é sobre lei, é sobre poder. Quando o jornalismo é punido por cumprir seu papel, o que se ameaça é o próprio direito da sociedade à informação.
A democracia só existe de fato quando há pluralidade de vozes. E nenhuma família, por mais poderosa que seja, pode calar um jornalista sem enfrentar o julgamento da opinião pública.
Hoje, é Analio Júnior. Amanhã, pode ser qualquer outro comunicador que se atreva a informar. Que fique o alerta.
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